CENTENÁRIO DO NASCIMENTO DE EUGÉNIO DE ANDRADE
No âmbito do centenário do nascimento do poeta Eugénio de Andrade, a Biblioteca Municipal António Botto promoveu, na tarde do dia 17 de janeiro, uma sessão literária na qual participaram os alunos da turma E do 11.º ano.
Dinamizada pela companhia "Alma Azul", na pessoa de Elsa Ligeiro (editora e mediadora de leitura, há mais de trinta anos), esta atividade foi muito enriquecedora, porque nos permitiu viajar pela obra de Eugénio de Andrade através da leitura de poemas diversos subordinados ao tema do AMOR (materno, ao território e à poesia).
Eugénio de Andrade nasceu exatamente há 100 anos, no dia 19 de janeiro de 1923, na freguesia de Póvoa de Atalaia, Fundão, tendo falecido a 13 de junho de 2005, no Porto com 82 anos. Foi um dos mais relevantes poetas portugueses do século XX e recebeu muitas distinções. Sabe mais sobre o autor, consultando o site da RTP Ensina.
A Biblioteca Escolar transcreve abaixo um dos seus poemas, que reflete sobre o processo de escrita e a importância que as palavras tinham para o autor:
Agora as palavrasObedecem-me agora muito menos,
as palavras. A propósito
de nada resmungam, não fazem
caso do que lhes digo,
não respeitam a minha idade.
Provavelmente fartaram-se da rédea,
não me perdoam
a mão rigorosa, a indiferença
pelo fogo-de-artifício.
Eu gosto delas, nunca tive outra
paixão, e elas durante muitos anos
também gostaram de mim: dançavam
à minha roda quando as encontrava.
Com elas fazia o lume,
sustentava os meus dias, mas agora
estão ariscas, escapam-se por entre
as mãos, arreganham os dentes
se tento retê-las. Ou será que
já só procuro as mais encabritadas?
Numa emissão especial dedicada ao centenário de Eugénio de Andrade, o Jornal Tarde divulgou, esta quinta-feira, a partir da Foz do Douro, poemas inéditos do autor, que podes ver e ouvir aqui.
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