Hoje iremos conversar com o escritor José-Alberto Marques no âmbito dos seus "50 anos de vida literária". Esta atividade é promovida em colaboração com a biblioteca Municipal António Botto e destina-se aos alunos do ensino secundário.
Natural de Torres Novas, José-Alberto Marques (1939-) frequentou a
Licenciatura em Direito na Faculdade de Direito da Universidade de
Lisboa. Obrigado a abandonar os estudos por razões económicas, exerceu
diversas profissões ao mesmo tempo que fazia o Curso de História.
Radicado em Abrantes desde a década de 1960, foi professor efetivo de
Português na Escola D. Miguel de Almeida. Das diversas atividades de
intervenção cultural e artística, destaque-se participação nos dois
números da revista Poesia Experimental (1964, 1966) e na
‘Conferência-Objeto’ (Galeria Quadrante, 1967). Recebeu o 1º Prémio
Nacional de Literatura Infanto-Juvenil nas comemorações dos 20 anos do
25 de Abril, com o livro A Magia dos Sinais (1996). Em 1996 recebeu a
medalha da cidade de Abrantes.
Ligada ao movimento da poesia experimental portuguesa desde as suas
primeiras manifestações no final de década de 50, a obra de José-Alberto
Marques alia a experimentação fonossemântica e grafossemântica com um
lirismo autobiográfico e uma aguda consciência social e política. O
quotidiano pessoal surge reenviado ao espaço social coletivo, e a
insistente presença de um e de outro são reflexivamente interrogadas
pela materialidade da língua e da escrita. Estas são, por vezes, objeto
de operações de fragmentação e constelação gráfica, mas também de
experimentação narrativa. A dimensão metalinguística e metapoética da
mediação sígnica desenvolve-se em constante tensão, a um outro nível,
com a presentificação do desejo sexual e do corpo do sujeito. A
possibilidade de conhecimento e aprendizagem matérica do corpo nas
formas da língua e da escrita é uma constante da sua obra poética e
ficcional. Outra constante encontra-se numa reflexão quotidianizada
sobre a possibilidade de transformação política e social do Portugal
pós-revolucionário.
Obras principais > A sua obra em livro inclui
poesia, ficção, teatro e literatura infanto-juvenil. Entre os seus
livros de poemas, refiram-se A Face do Tempo (1964), Hoje. Mas (1967),
Estórias de Coisas (1971), Aprendizagem do Corpo (1983),
flexõesREflexões (1985), Loendro (1991), Zara (1995), Eu disse que
Baudelaire andava a pé (1999), Padrões (1999), Cantologia 1964-1999
(2000, edição bilingue, com versão em espanhol de Antonio Saez Delgado),
Hiperlíricas (2004) e British Barthes: Poesia (2011). Organizou, com E.
M. de Melo e Castro, a Antologia da Poesia Concreta em Portugal (1973).
Publicou as obras de ficção Sala Hipóstila (1973), O Elefante de Setrai
(1977), Nuvens, no Vale (1985) e As Tiras da Roupa de MacBeth (2001). A
sua obra foi antologiada no livro comemorativo I’man (2009). Participou
em exposições coletivas de poesia concreta e visual e de arte postal.
Refira-se ainda a exposição individual Homeóstatos e Visuais (1999,
Biblioteca Municipal António Botto, Abrantes). Realizou também diversas
performances.
[Biografia escrita por Manuel Portela]