Por dentro do filme-
literacia do cinema PNC
MAIS UM FILME
Os alunos da 5º ano, do Agrupamento de Escolas Nº 2 de Abrantes, visionaram o filme o Estranho mundo de Jack.
Esta atividade foi realizada em parceria com com o Cineclube de Abrantes Espalha fitas.
GATOS À SOLTA...
UM FILME... UMA ESTÓRIA...MUITAS LEITURAS...
Os alunos da 5º ano, do Agrupamento de Escolas Nº 2
de Abrantes, visionaram a curta-metragem Estória
do Gato e da Lua, de Pedro Serrazina ao
longo do mês de novembro e
realizaram alguns trabalhos alusivos à história.
FICHA TÉCNICA
Título Estória do Gato e da Lua (Original)
Ano de produção 1997
Dirigido por Pedro Serrazina
Duração 6 minutos
Classificação L -
Livre para todos os públicos
Gênero Animação
Países
de Origem Portugal
Sinopse
Um poema.
Uma estória feita de silêncio e de cumplicidade. Luz e sombra, o apelo
da noite, a lua como paixão...
Esta é a sina de quem tentou tornar o sonho realidade, a estória do
gato e da lua.
Uma curtanimação nostálgica e melancólica de trilha envolvente.
O FILME
SUGESTÕES DE ANÁLISE
Análise do filme na sua totalidade,
tendo em conta a noção de animação e o lado formal atribuído pela técnica
utilizada.
A
técnica utilizada para fazer o filme é o de desenho em tinta-da-china sobre
papel.
A
transição é contínua entre cada plano. Os planos utilizados são essencialmente
de pormenor, conjunto e esporadicamente o geral que no todo dão a ideia de
versatilidade e movimento. Permitindo assim, uma narrativa contínua, clara e
encadeada.
Há
uma depuração de linhas complementando-se com a ausência de cores. (recurso ao
preto e branco). A nível de animação verifica-se uma escalada que prende o
espectador à história na expectativa do desenlace final.
Papel da banda de som
A música marca o
ritmo que está intimamente ligado à narrativa e à animação de uma forma
assertiva complementando a interiorização que o espectador tem da própria
animação no seu todo. Existem momentos de tensão transmitidos pelos
instrumentos utilizados na banda sonora. Estão ainda presentes sons
relacionados com o mar, caixotes do lixo e ruídos próprios da cidade. A música,
por si só poderia contar toda a história. Está ainda presente a voz.
Análise dos seguintes
aspectos da narrativa:
a) Personagem
e sua descrição
b) Espaço
e tempo
c) Meio
envolvente e sua descrição
d) Conflito
e resolução
e) Ideia/mensagem
e sua carga simbólica
f) Ligação
ao universo da literatura
a) A
personagem principal é um gato preto em busca da lua e de si próprio.
No
início verifica-se uma procura incessante, louca, ilusória, enganadora. Desejo
de agarrar o sonho. Desejo de apanhar a própria vida da forma como ele a quer.
Em
seguida sente-se uma certa serenidade e acalmia que permite a aproximação à
realidade.
b) Espaço
temporal muito alargado (O ciclo da vida) que se apresenta de uma forma
metafórica através da agitação do quotidiano (cidade) e de elementos da
natureza (mar).
c) A
cidade tem uma carga simbólica de ritmo, vertigem, desassossego e
desorientação. O mar apresenta uma dualidade, por um lado a calmaria e por
outro lado a agitação. (A sensação ilusória de atingir um objectivo mas que se
revela inalcançável).
d) Busca
incessante da lua, do amor e de si próprio. A resolução do conflito interior é
transmitida pela resignação, aceitação e o saber esperar do gato.
e) A
carga simbólica desta animação está relacionada com o ciclo da vida. Com o devir da natureza e de como lidamos com
os sentimentos, contradições e frustrações.
Relação lado formal/narrativa
Cor, ritmo, planos, enquadramentos,
técnica utilizada, recursos narrativos (flashback), ângulos e elipses espaciais
e temporais.
Comparação com outro(s) filmes de
animação
Barco a vapor do Walt Disney
Persepolis de Marjane Satrapi
Proposta de actividade em contexto
escolar
Dar continuidade ao filme através de
banda desenhada
Continuar a história
Fazer uma animação zootrópica do gato e
da lua
Elaborar um cartaz para divulgação do
filme
Escrever uma crítica do filme para
publicar no blogue da escola
Representar através da expressão corporal
e dramática a história do filme
Musicar o filme só com ritmos e sons
Pesquisar sobre gatos na arte (pintura)
OS GATOS NA LITERATURA
As ilustrações deste livro foram feitas com base em fotografias do painel de azulejos "Vista de Lisboa" e em reproduções de quadros do pintor veneziano Francesco Guardi.)
Nero
Corleone- Uma história de gatos de Elke Heinden (Nero
Corleone - astuto, terno, audaz e sedutor - impõe a sua lei na quinta italiana
onde nasceu. As suas ambições são grandes: conhecer outra terras e experimentar
todos os prazeres da vida. Por isso convence Isolda e Roberto, um casal alemão,
para que o levem com eles para Colónia. Aí, em pouco tempo, torna-se o senhor
do bairro e encontra amizade e amor. Mas um dia, ao começar a envelhecer, a
nostalgia torna-se mais forte…)
O
gato e o escuro de Mia Couto (um livro que fala de
medos)
Três histórias de amor, o romance de Lucas e Pandora de Álvaro Magalhães (Lucas e Pandora, um casal de gatos,
descobrem o verdadeiro nome da morte e o seu segredo mais bem guardado.)
OS GATOS NA POESIA
Gato
Gato
que brincas na rua
Como
se fosse na ama,
Invejo
a sorte que é tu
Porque
nem sorte se chama.
Bom
servo das leis fatais
Que
regem pedras e gentes,
Que
tens instintos gerais
E
sentes só o que sentes.
És
feliz porque és assim,
Todo
o nada que és é teu.
Eu
vejo-me e estou sem mim,
Conheço-me
e não sou eu.
Fernando Pessoa
Os gatos
Lindo
gato, vem cá, vem ao meu colo;
Encolhe
as unhas dessa pata,
E deixa
que eu mergulhe nos teus olhos,
Um misto
de metal e ágata.
Quando os
meus dedos, à vontade, afagam
O dorso
elástico, a cabeça,
E a mão
se me inebria de prazer
No corpo
eléctrico, a apalpá-lo,
Vejo a
minha mulher. O seu olhar,
Tal como
o teu, querido animal,
Frio e
profundo, fende-nos qual dardo,
E da
cabeça até aos pés
Um ar
subtil, um perfume perigoso
Nadam em
torno do seu corpo.
Charles Baudelaire
Zoologia:
O Gato
Um
gato, em casa sozinho, sobe
à
janela para que, da rua, o
vejam.
O sol
bate nos vidros e
aquece
o gato que, imóvel,
parece
um objecto.
Fica
assim para que o
invejem
— indiferente
mesmo
que o chamem.
Por
não sei que privilégio,
os
gatos conhecem
a
eternidade.
Nuno
Júdice
Os Gatos
Há um deus único e secreto
em cada gato inconcreto
governando um mundo efémero
onde estamos de passagem
Um deus que nos hospeda
nos seus vastos aposentos
de nervos, ausências, pressentimentos,
e de longe nos observa
Somos intrusos, bárbaros amigáveis,
e compassivo o deus
permite que o sirvamos
e a ilusão de que o tocamos
Manuel António Pina
O gato
Com um lindo salto
Lesto e seguro
O gato passa
Do chão ao muro
Logo mudando
De opinião
Passa de novo
Do muro ao chão
E pega corre
Bem de mansinho
Atrás de um pobre
De um passarinho
Súbito, pára
Como assombrado
Depois dispara
Pula de lado
E quando tudo
Se lhe fatiga
Toma o seu banho
Passando a língua
Pela barriga.
Vinícius de Moraes
Ode ao gato
Tu e eu temos
de permeio
a rebeldia que desassossega,
a matéria compulsiva dos sentidos.
Que ninguém nos dome,
que ninguém tente
reduzir-nos ao silêncio branco da cinza,
pois nós temos fôlegos largos
de vento e de névoa
para de novo nos erguermos
e, sobre o desconsolo dos escombros,
formarmos o salto
que leva à glória ou à morte,
conforme a harmonia dos astros
e a regra elementar do destino.
José Jorge Letria
OS GATOS NA PINTURA
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